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O Brasil estreita relações com a Turquia e busca uma nova rota comercial para a Ásia, o Oriente Médio e a Europa Central


Milton Gamez, de Istambul

O ministro das Finanças, Ali Babacan, prevê retomada do crescimento em 2010 e quer atrair investimentos
Nada como um século após o outro. Graças aos turcos, os portugueses descobriram o Brasil. A tomada de Constantinopla (atual Istambul) pelos otomanos, em 1453, fechou a rota marítima dos ibéricos para as Índias e os levou ao oceano Atlântico - o resto da história você já conhece.
Hoje, mais de 500 anos depois, os brasileiros é que fazem o caminho inverso e desembarcam na Turquia para buscar oportunidades de negócio e, assim, aproveitar sua privilegiada localização para abrir um novo caminho para a Ásia, a Europa Central e o Oriente Médio.
Desde maio, quando o presidente Lula visitou o país - foi o primeiro governante brasileiro a fazer isso desde dom Pedro II -, três missões comerciais levaram empresários de vários setores à região. Segundo a DINHEIRO apurou, as caravelas da Odebrecht, da Weg, da Embraer e da Bauducco, entre outras, já rumam para o Oriente.
Desta vez, também há uma certa calmaria. Não nos mares, mas na economia mundial, que parou de crescer em 2008 e só deverá sentir os ventos da retomada a partir de 2010. A Turquia, como o Brasil, sofreu os efeitos da crise global oriunda dos Estados Unidos e da Europa, mas não entrou em colapso financeiro como na crise de 2002 e promete sair na frente da recuperação em curso, graças às reformas econômicas dos últimos anos.
Os turcos tentam há anos entrar na União Europeia e veem no Brasil um parceiro estratégico para ajustar-se aos padrões econômicos necessários. Os dois países são membros do G-20, grupo que reúne os desenvolvidos e os emergentes, e buscam aumentar seu espaço na nova ordem econômica mundial. "Estamos todos no mesmo barco", lembrou o primeiro- ministro, Recep Tayyip Erdogan, aos banqueiros que foram a Istambul no início de outubro para a reunião anual conjunta do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Em um jantar no elegante palácio Çiragan, construído pelo sultão Abdulaziz às margens do estreito de Bósforo, Erdogan fez questão de lembrar que nenhum banco turco foi socorrido no ano passado. "Nosso sistema bancário está sólido." O impacto da crise, mesmo assim, foi significativo. A Turquia é notória fornecedora de mão de obra mais barata para a Europa e sofreu com a queda das exportações para o Ocidente.
Depois de crescer a um ritmo de 6% ao ano de 2003 a 2008, quando atingiu US$ 742 bilhões, o PIB do país deve encolher 6% em 2009. Para estimular a economia, o governo turco injetou US$ 10 bilhões em projetos de infraestrutura e isenção fiscal para a compra de produtos industrializados, como automóveis (qualquer semelhança com a reação do governo brasileiro não é mera coincidência).
A expectativa do vice-primeiro-ministro, Ali Babacan (pronuncia-se Babadjan), responsável pela pasta das Finanças, é de crescimento no quarto trimestre e nos anos seguintes: 3,5% em 2010, 4% em 2011 e 5% em 2012. "Estamos retirando os incentivos tributários e vamos manter gradualmente a disciplina fiscal. Não faremos isso de maneira muito rápida para não sufocar o crescimento", afirmou Babacan.
Os negócios entre Brasil e Turquia ainda são relativamente tímidos, mas têm crescido de forma vigorosa. Em 2002, a Turquia exportou US$ 49 milhões para o Brasil, cifra que cresceu 550%, para US$ 318 milhões, em 2008 (veja quadro). As exportações do Brasil saíram de US$ 236 milhões para US$ 1,4 bilhão no mesmo período, em alta de 500%.
O saldo comercial de US$ 1,1 bilhão, a favor do Brasil, tende a diminuir se os dois países conseguirem atrair investimentos mútuos. Na globalização do século XXI, os negócios têm de ser vantajosos tanto para os conquistadores quanto para os conquistados.


Fnte: ISTOÉdinheiro, n°628 - 21.10.09

Postado por: WANDERLEY ALEXADRE REBÉS VELOZ

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