Israel e Palestina: um eterno conflito

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Aspectos Históricos: 2.1. Origem de Israel; 2.2. Origem da Palestina; 2.3. Declaração de Balfour – Como tudo começou; 2.4. A Organização para a Libertação da Palestina; 3. Principais Conflitos e Tentativas de Paz: 3.1. Guerra de Independência e a Guerra de Suez; 3.2. As Guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur; 3.3. O acordo de Camp David; 3.4. As Entifadas e o Acordo de Oslo; 4. Situação Atual; 4.1. Muro da Vergonha – “A Máscara do Mal”; 5. Considerações Finais; Referências.



RESUMO: Trata de forma didática a eterna guerra que aflora o Oriente Médio, especificamente nas regiões da Palestina e de Israel. Aborda os aspectos históricos, politicos e as bases dos principais conflitos. Relata a criação da OLP e a influência da ONU, da Segunda Guerra Mundial e, conseqüentemente, do Holocausto nas divergências existentes. Demonstra as tentativas de paz ao longo de todos esses anos, trazendo a atual situação do conflito. Conclui com uma visão crítica à violação dos direitos fundamentais internacionalmente consagrados.

PALAVRAS-CHAVE: Judeus, árabes, guerra, faixa de gaza, partilha, Terra Santa

ABSTRACT: It specifically deals with to didactic form the perpetual war that arises the Middle East, in the regions of Palestine and Israel. It approaches the aspects, politicians and the bases of the main conflicts historical. It tells to the creation of the OLP and the influence of the ONU, World War II and, consequently, the Holocausto in the existing divergences. It demonstrates to the attempts of peace throughout all these years, bringing the current situation of the conflict. It concludes with a critical vision to the breaking of the basic rights internationally consecrated.

KEY-WORDS: Jews, Arabs, war, band of gaza, allotment, Land Saint



1. INTRODUÇÃO

O artigo apresentará o retrato da região conhecida mundialmente como Faixa de Gaza, região essa, que serve como cenário de lutas e conflitos incessantes entre judeus e palestinos, que se arrasta há milênios.
O trabalho tem como objetivo precípuo estudar tais conflitos, apresentar a origem dos mesmos, bem como demonstrar como diferenças religiosas, em meio a tanto preconceito e intolerância podem gerar resultados tão catastróficos. Além disso, visa entender o atual comportamento daquelas civilizações para encontrar uma solução viável.
Israel e Palestina representam dois povos distintos que buscam reconhecimento perante o cenário mundial, além disso, lutam pela constituição de um território determinado.
Após milênios, os conflitos oriundos e mantidos pelos povos árabe-israelenses deixaram de ser uma discussão puramente política e territorial, trazendo em seu bojo como motivos principais a religião e a cultura, impulsionados por grupos extremistas que mantém o terror na região.
Por um lado tem-se o judaísmo, tem sua fé baseada na existência de apenas um Deus, o criador de tudo e todos, e tem Jerusalém como um centro religioso fundado pelo rei Davi. Por outro lado tem-se o islamismo, religião seguida pela maioria da população árabe-palestina, que segue a fé fundada por Maomé - o qual eles acreditam ter sido um profeta.
O artigo foi realizado com base em pesquisas em sites da internet, estudo documental e bibliográfico. Foram analisados os aspectos históricos, os conflitos e as tentativas de paz, vez que, são os assuntos de maior repercussão no Oriente Médio.
Os resultados da pesquisa realizada indicam que mesmo em meio a tantas tentativas de paz, a situação atual entre os judeus e palestinos é problemática, milhares de pessoas sentem na pele o sofrimento de viver em meio ao medo.
O mundo vive o suspense de qual será o momento em que a paz reinará entre esses povos e quando será restaurado o exercício dos direitos humanos entre aqueles civis.
É visível que a solução para a guerra constante é possível, uma vez que haja participação efetiva do governo, pacificação dos grupos extremistas e a disposição entre os povos de se respeitarem mutuamente.
A dificuldade encontrada é perfeitamente descrita pelo escritor israelense Yoram Kaniuk, “mesmo quando há duas partes que têm razão, a justiça é um jogo ilusório, porque é sempre julgada pelo lado de quem vê”.
Dessa forma, busca-se precipuamente que se entenda a origem e o desenvolver dos conflitos da questão em voga, para que se possa estabelecer um raciocínio crítico sobre o que acontece na região atualmente, analisando as possíveis formas de se estabelecer a paz, ponderando todos os fatores que contribuem para a insegurança na Faixa de Gaza.


2. ASPECTOS HISTÓRICOS


2.1. Origem de Israel
O “povo de Israel”, assim chamados os descendentes de Jacó, egressos Egito, conquistaram Canaã e estabeleceram um Estado Hebraico, tendo Jerusalém como capital, e mais tarde sofreu uma cisão, criando o reino de Judá e o de Israel, conquistados, respectivamente, por assírios e babilônios. O “povo de Israel” viveu nesses territórios períodos alternados de independência e julgo estrangeiro até o momento em que foram definitivamente expulsos pelos romanos, fato que ficou conhecido historicamente como Diáspora.
No entanto, mesmo espalhados pelo mundo, continuavam a se referir à Palestina como a “Terra de Israel”. No ano de 1948, foi proclamada a independência do Estado Judaico da Palestina, sendo então denominado Estado de Israel. Com a sua com a sua criação ocorreu uma acelerada concentração de judeus na palestina, processo denominado Sionismo, fundado por Theodor Herzl, que significa “volta a Sion” (antigo nome de Jerusalém), a fim de reconstruir sua pátria, com estruturação econômica, social e política. O caráter religioso do Sionismo era notório, porém foi perdendo essa perspectiva, transformando-se em um movimento nacional e político, baseados nos pressupostos de que os judeus constituíam uma nação, mantida por fatores culturais e religiosos, porém deformada em sua estrutura devido aos anos de Diáspora, o processo de desterritorialização e as contínuas perseguições.
O movimento definiu a Palestina como única solução territorial para a pátria judaica e seu Estado, sendo que este último deveria ser reconhecido pela comunidade internacional, tentando obter apoio internacional para fomentar a colonização judaica na Palestina. Assim começou a colonização judaica na Palestina, por aqueles que estavam dispersos na Europa Central e Oriental e dessa forma, começaram a criar, ali, uma infra-estrutura econômica através de colônias coletivas, onde as terras devolutas eram adquiridas por árabes palestinos, para o seu fomento e recuperação agrícola.

2.2. Origem da Palestina
A Palestina, que em Hebraico significa “terra dos filisteus” e chamada de Terra Santa pelos Judeus, cristãos e mulçumanos, tem suas origens datadas no terceiro milênio a.C., quando começaram a surgir as cidades historicamente conhecidas, Jericó e Megido, os cananeus, correspondente topônimo de Canaã, apesar de arqueologicamente haver vestígios de existência de aglomerações humanas mais antigas.
As tribos asiáticas, ou seja, os hicsos, conquistaram a Palestina ao mesmo tempo que invadiram o Egito, estabelecendo ali uma nova dinastia. Quando os hicsos foram então expulsos do Egito, os Hebreus que teriam abandonado Canaã rumo ao Egito, impelidos pela fome, iniciação a imigração de retorno à Palestina, fato que ficou conhecido como Êxodo, e a partir de então a Palestina foi invadida repetidas vezes por Faraós, inclusive Tutmés III, e daí por diante se tornou porto de encontro e campo de batalha de egípcios, babilônios, hititas, assírios, filisteus e israelitas, entre outros.

2.3. A Declaração de Balfour – Como Tudo Começou
Em 02 de novembro de 1917, o governo britânico reconheceu por declaração escrita do Lord Balfour, o direito judeu ao estabelecimento de um lar nacional na Palestina, sem prejuízo das coletividades não-judaicas da região. Como o exército Inglês havia conquistado a Palestina aos Turcos, no fim da primeira guerra mundial, e a Liga das Nações, tendo em vista a declaração em questão, outorgou ao Reino Unido mandato na Palestina para que encetasse a realização do compromisso assumido.
Em 1918, o xerife de Meca, Faisal, em encontro internacional fez-se criar a declaração conciliatória, aceitando o princípio do lar nacional Judaico na Palestina e da cooperação árabe-judaica. Em 1922 a área destinada a esse lar nacional foi reduzido pela separação da Transjordânia.
Como a resistência árabe era crescente à idéia do lar nacional e da criação do Estado Judaico, o governo mandatário começou a criar restrições às imigrações e ao estabelecimento judaico na Palestina, o que contradizia a própria razão de ser do mandato supracitado. E Assim foi crescendo o antagonismo entre árabe e judeu, o que se consolidou ainda mais com o fortalecimento do Haganah, organismo não-oficial judáico de autodefesa. Mesmo com toda a repressão, as imigrações continuaram.
Em 1922, foi publicado o Livro Branco, de Winston Churchill, então ministro das colônias do governo britânico, restringindo oficialmente a imigração judaica.
No mais, enquanto consolidava-se uma das bases do futuro Estado Judáico, sua infra-estrutura, a outra base, revestida por políticas locais e internacionais, se deteriorava cada vez mais. Os árabes, que obtivera várias vitórias no Oriente Médio, não transigiam com o nacionalismo judaico e se opunham categoricamente à imigração, à criação de um lar nacional e do Estado Judáico.
Entre os anos de 1929 e 1936, ocorreram violentos atentados, com ataques às aldeias judaicas e bloqueios de estradas que serviam para o transporte judeu, deixando milhares de mortos e feridos. E foi justamente nessa época que a imigração aumentou, refugiando-se os judeus na Palestina em razão do nazismo.
Em 1937, foi publicado pelo Lord Peel que recomendava a partilha da palestina entre árabes e judeus. Houve rejeição árabe por acreditar demasiado aquilo que os judeus consideraram ínfimo.
Já ao fim da Segunda Guerra Mundial, o problema da Palestina apresentava-se sob novo aspecto, pois seis milhões de judeus haviam sido exterminados, deixando também centenas de milhares de refugiados, fato que fez crescer a atividade dos lideres sionistas, defendendo a Palestina como sendo o destino natural destes refugiados.
A questão da Palestina foi levada a assembléia-geral da ONU, resultando em 33 votos favoráveis à partilha, e a reação árabe foi imediata: grupos armados atacaram os objetivos judaicos a fim de evitar a partilha, por meio da força e poder bélico. Enquanto que o exército irregular judeu não pode armar-se devidamente, Jerusalém foi cercada pelas forças árabes e a população judaica recebia suprimentos e água transportados por carros blindados, muitos dos quais eram destruídos em emboscadas. Os países árabes vizinhos preparavam-se, então, para invadir a Palestina, porém falhando na sua tentativa.

2.4. A Organização para a Libertação da Palestina
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi criada em maio de 1964, tendo por escopo o restabelecimento do Estado da Palestina, que encontrava-se ocupado pelos judeus. Para a consecução destas finalidades, pregavam a luta armada, retirando da cladestinidade diversos grupos palestinos existentes.
Os 422 líderes palestinos que estabeleceram a referida organização aduziam que estava no momento dos árabes expulsos juntarem-se politicamente, fortalecendo-se e combatendo o movimento sionista existente, o qual era apoiado por americanos e britânicos. Ademais, estava evidente a falta de preocupação das Organizações das Nações Unidas quanto a situação dos palestinos, chegando ao ponto de ser retirado da pauta das resoluções, no ano de 1952, o assunto do conflito naquela região.
Durante muitos anos a OLP foi apontada como grupo terrorista, mas nos últimos tempos já foi reconhecida como unidade política representativa dos palestinos. A divergência na utilização de força militar é um dos principais pontos enfraquecedores desta organização. Ahmad Chukeiry foi o primeiro líder, conduzindo a OLP com base na idéia de destruição de Israel pelas tropas árabes. Pórem, com a derrota na Guerra de Seis Dias, a qual será relata posteriormente, e com a eleição do novo dirigente Yasser Arafat em 1969, a OLP passou a adotar a política de guerrilha.
Mesmo com uma unidade política-administrativa, a Organização para a Libertação da Palestina sofreu diversos destrinchamentos, dos quais surgiram grupos extremistas como o Saiqa (Vanguardas de Guerra de Libertação Popular) de 1968 e o FLA (Frente de Libertação Árabe) de 1969. Apesar dos desdobramentos, a OLP ganhou respeito instalando o seu quartel-general em Tunes e tornando-se a maior força responsável pela Intifada, que configurava-se no movimento de revoltas dos palestinos contra os ataques praticados pelos militares israelenses.
No ano de 1988, foi decalarado pelo líder Arafat a independência do Estado da Palestina, o qual viria a ser reconhecido por Israel em 1993, após um acordo entre o referido chefe e o primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin. Não obstante, a paz entre os dois países durou até o ano de 2000, devido ao fracassado encontro em Camp David. Neste novo conflito, tropas israelenses invadiram Ramallah e tornou Arafat prisioneiro domiciliar, até a morte deste em 2004. O líder escolhido para esta sucessão foi Mahmoud Abbas, também chamado de Abu Mazen.

3. PRINCIPAIS CONFLITOS E TENTATIVAS DE PAZ

3.1. Guerra de Independência e a Guerra de Suez
A primeira guerra árabe-israelense teve início após a independência de Israel, em Maio de 1948, mais especificamente no dia 14 deste mês. Esta foi comemorada pelos judeus como uma das mais importantes datas para este povo, ao mesmo tempo em que foi marcada para os palestinos como de grande lamento. O mundo árabe não aceitou a partilha da Palestina feita pela ONU, declarando então guerra a Israel. Esta guerra foi formada de um lado por Israel, e de outro pelo Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Síria, membros da Liga Árabe. Neste tempo, Israel apresentava uma considerável vantagem sobre os árabes, contando com um exército muito mais numeroso e melhor equipado, com a simpatia da opinião pública ocidental, além do apoio de grandes potências, tais como a da União Soviética e dos Estados Unidos. Com a intervenção da ONU, os países árabes envolvidos no conflito, com a exceção de Israel, assinaram uma série de armistícios, que puseram fim aos combates. Ao término da Guerra, o Estado de Israel constituía 78% da Palestina, ficando fora dos seus domínios a Cisjordânia, que passou a ser parte da Jordânia, e a Faixa de Gaza, que ficou com o Egito. A capital Jerusalém foi dividida entre a Jordânia e Israel. Os maiores perdedores da guerra foram os palestinos, que se viram obrigados a refugiarem-se fora do novo território israelense. É claro que o fim da guerra foi apenas formal, pois como se sabe, esses conflitos perduram até os dias de hoje.
No ano de 1956, o oficial Gamal Abdel Nasser tomou o poder do Egito, ainda inconformado com as derrotas para Israel e revoltado com a situação de corrupção em seu país. Gamal governou apoiado nos princípios da necessidade do progresso econômico e do reencontro da dignidade árabe. O que levou o oficial a nacionalizar a Companhia do Canal de Suez, neste mesmo ano. Logo após, o Egito posicionou canhões na entrada do Golfo de Ácaba, o que impedia a livre circulação dos navios israelenses para o porto de Eilat, o qual havia começado a ser constrido por Israel no mesmo Golfo. O fechamento de Eilat e a nacionalização do Canal de Suez comprometiam o projeto israelense de irrigação do deserto de Neguev e cortavam o único contato de Israel com o Mar Vermelho. Diante dessa situação, a reação de Israel foi iniciar a Guerra de Suez, também conhecida como a Segunda Guerra Árabe-israelense. Em suas investidas, Israel conquistou a Península do Sinai e assumiu o controle do Golfo de Ácaba, reabrindo o porto de Eilat. A Guerra teve fim com uma intervenção diplomática conjunta da União Soviética e dos Estados a Unidos. Embora derrotado, Nasser saiu como herói da unidade árabe.

3.2. As Guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur
Deste a fundação do Estado de Israel em terras palestinas, as relações entre israelenses e árabes sempre foram conturbadas e marcadas por conflitos sangrentos. O fato da região ocupada por estes dois povos ser de parcos recursos hídricos e estes poucos serem controlados pelos judeus, fez com que países árabes como Egito, Síria, Jordânia e os palestinos acordassem no sentido de desviar o leito do Rio Jordão para que o mesmo beneficiasse também terras árabes, ao mesmo tempo em que restou estabelecida a criação de uma coalizão árabe para lutar contra Israel, ficando conhecida como OLP – Organização pela Libertação da Palestina.
Em 1967, em um ataque surpresa, Israel realizou um ataque aéreo nestes mencionados estados árabes, de forma preventiva, tendo facilmente arrasado qualquer tentativa de contra-ataque dos árabes. Devido à brevidade do conflito, este ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, conflito este que resultou num considerável aumento do território israelense, já que foram anexadas as Colinas de Golã, o Monte Sinai, a Faixa de Gaza e Jerusalém Ocidental, até então regiões pertencentes aos países árabes.
Impende ressaltar que a Guerra dos Seis Dias foi rechaçada pela comunidade internacional, tendo a ONU inclusive, através da Resolução 242, exigido que Israel devolvesse as áreas invadidas aos seus países de origem, fato este que não aconteceu. Em uma lúcida síntese sobre este conflito Lorena Estrela (2008, p. 28) concluiu que “esta guerra muda, definitivamente, o equilíbrio de forças no Oriente Médio, deixando claro que Israel era o país militarmente mais poderoso, aumentando seus atrativos para os Estados Unidos.”
Diante da intransigência israelense em tentar um acordo de paz proposto pelo Egito, e cumprir a Resolução 242 da ONU, Síria e Egito bombardearam Israel em 6/10/1973, no feriado sagrado para os judeus do Yom Kippur. Apesar de terem objetivo de reconquistar os territórios perdidos durante a Guerra dos Seis Dias, os países árabes foram mais uma vez massacrados pela superioridade bélica israelense. Fato a ser observado neste conflito foi a presença dos EUA e da URSS para a sua intermediação, marcando de vez a influência soviética entre os países árabes e os laços unindo Israel e EUA (LAMAS, internet).
A Guerra do Yom Kippur foi a demonstração que os conflitos entre árabes de judeus não restringem seus efeitos e consequências apenas para os países do Oriente Médio, e sim para toda a comunidade internacional. A prova disso foi a decisão dos membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) em aumentar o preço do petróleo e diminuir sua produção em uma forma de retaliação ao apoio dado pelos EUA a Israel. Fato este que ocasionou uma grave crise econômica mundial em meados da década de 1970, evidenciando a dependência mundial do petróleo árabe.

3.3. O acordo de Camp David
A presença de dois povos com origens, religiões e culturas tão distintas como árabes e judeus em um território reduzido foi capaz de gerar conflitos por domínio territorial e político. Devido às hostilidade religiosas, e intransigências políticas, já que palestinos não reconhecem o Estado de Israel e este ter se apossado de terras árabes, estas nações travam guerras incessantes que geram conseqüências em toda a comunidade internacional, sem ser levadas em consideração as vidas de civis que são ceifadas em batalhas sangüentas.
Todas as tentativas de paz até então empreendidas para selar a paz entre israelenses e palestinos foram tímidas e não surtiram efeitos práticos. Apenas em 1978, sob o intermédio do presidente dos EUA Jimmy Carter, ficando conhecido como Acordo de Camp David, foi que Egito e Israel formalizaram acordo no sentido de que este cederia a região do Sinal para aquele, ao passo de que egípcios reconheceram finalmente o Estado de Israel. Apesar desta tentativa de paz não ter tido a participação direta dos palestinos, restou acordado que os judeus concederiam autonomia às áreas de Gaza e da Cisjordânea. Infelizmente, no que tange a este último ponto, o Acordo de Camp David fracassou, já que os palestinos não aceitaram a proposta por não terem participado na sua elaboração.

3.4. As Entifadas e o Acordo de Oslo
A 1ª intifada, “sobressalto” em árabe, ocorreu em 1987 quando milhares de jovens palestinos saíram às ruas para protestar contra a ocupação israelense, considerada ilegal pela ONU, nas regiões aa Cisjordânia e em Gaza, onde mulheres e crianças lutando com paus e pedras contra soldados israelenses. “Arafat usa a intifada como instrumentos de propaganda, angariando a simpatia mundial aos revoltosos”.
Quando Arafat aceitou um Estado Palestino apenas em Gaza e Cisjordânia, mas não no conjunto de Israel, ele chegou a visitar a ONU, onde declarou: “Não deixem que o ramo de oliveira, o símbolo da paz, caia das minhas mãos”
Em um momento histórico, no ano de 1993, foi firmado em Oslo um acordo de paz entre os líderes de Israel e Palestina, Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, sob o intermédio do presidente dos EUA Bill Clinton, protagonizando a famosa fotografia em que tais rivais davam as mãos, de forma a selar a paz. Foi nesse encontro que ambos “se reconhecem reciprocamente e firmam uma Declaração de Princípios onde se comprometiam a unir esforços para a realização da paz entre os dois povos, proclamando a autonomia palestina sobre a Faixa de Gaza e partes da Cisjordânia, com a retirada do exército de Israel e a substituição por uma polícia palestina” (SENNA, 2008, p. 33). Restou estabelecido no acordo de paz de Oslo
A retirada das forças armadas israelense da Faixa de Gaza e Cisjordânia, assim como o direito dos palestinos ao auto-governo nas zonas governadas pela Autoridade palestina.; o governo palestino duraria cinco anos de manera interina, durante os quais o status seria renegociado; as questões sobre Jerusalém, refugiados, assentamentos, segurança e fronteiras. O auto-governo seria divido em Áreas: Área A - controle total pela Autoridade palestina; Área B - controle civil pela Autoridade palestina e controle militar pelo Exército de Israel; Área C - controle total pelo Governo de Israel. (WIKIPEDIA, internet)
A ANP criada em Oslo não surtiu os efeitos desejados. A autoridade nacional palestina, liderada por Arafat tornou-se uma instituição corrupta, marcada pela violência contra os próprios palestinos.
Binyamin Netanyahu assumiu o governo israelense em 1996, com isso ocorreu um forte movimento de oposição interna, devido sua posição de frear todas as negociações possíveis com os palestinos, com estes acontecimentos israelenses e palestinos assumem um acordo sobre a data da retirada militar israelense da Cisjordânia. No ano de 2000, o Conselho Central da OLP (CCOLP), decidiu que os palestinos proclamariam um Estado Independente, em seguida é lançada a cúpula de paz em Camp David (EUA).
A Segunda Intifada, também conhecida como a intifada de Al-Aqsa, representa a resistência palestina contra as forças de ocupação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, a mesquita de Al-Aqsa, considerada sagrada pelos muçulmanos, área sagrada também para os judeus, então Estado de Israel proibi a entrada de qualquer muçulmano à mesquita. A resistência palestina, e a superioridade organizacional e militar de Israel, a situação em que a “nação palestina” está submetida e os efeitos dessa opressão, tornou essa intifada o mais sangrento e cruel dos enfrentamentos entre israelenses e palestinos,
O Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 2002, adotou uma resolução que pediu a retirada das tropas israelenses da cidade de Ramalá e solicita um cessar-fogo na região, os Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU, em 2003, apresentaram um plano de paz intitulado Mapa da Paz (Road Map for peace), onde prevê a criação de um Estado Palestino independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ao lado de Israel.
Em resumo, sugere que em troca de um estado soberano a ANP deve fazer reformas democráticas, abandonar e combater o terrorismo. Israel deverá aceitar e apoiar a insurgência de um governo palestino reformado e disposto a encerrar a presença em Gaza e na Cisjordânia, quando estiver eliminada a atividade terrorista de origem palestina.

4. SITUAÇÃO ATUAL
O conflito árabe - palestino se arrasta durante os séculos e perante as gerações mantendo-se basicamente nas mesmas vertentes, oscilando em períodos de realinhamento e tolerância e outros de pura turbulência e insatisfação de ambos os lados. Outrossim, o quadro que se instala nesses dias em que presenciamos é de uma paz fria em que se sobrepuja figuras como o presidente norte-americano Obama e a sua secretária de Estado Hillary Clinton, bem como a própria estrutura da ONU que recentemente exarou com um relatório .
A situação daquela localidade que sempre foi conflituosa intensificou-se com a II Guerra Mundial. Se por um lado, quando na Guerra de Seis Dias a disputa era pela Jerusalém Oriental, por outro, na atualidade, a briga se estende a brigas por água e até mesmo por segurança, principalmente na fronteira.
A secretária de Estado americana Hillary Clinton vem pedindo copiosamente aos árabes e israelenses que deixem de lado as diferenças históricas, na medida em que o governo de Obama segue no sentido de efetivar o processo de paz no Oriente Médio, afirmando seu comprometimento com uma solução que seja viável para os dois Estados. Bem verdade que o presidente norte americano se encontra encuralado e a solução de tudo ao mesmo tempo corre o risco de se transformar em quase nada, em qualquer momento.
O governo israelense só quer uma paz que seja praticamente gratuita: inflação de colonos onde lhe agrade; desmilitarização líquida, sólida e gasosa de um futuro Estado palestino; e solução às custas de alguém de fora do problema dos 4 milhões de refugiados palestinos. E não se trata de propostas táticas para ir-se despindo delas como “os véus de Salomé”, mas de princípios inalienáveis de quem percebeu a fragilidade congênita do adversário, com um mais que duvidoso suporte no Congresso.
Nesse diapasão, o estado americano defende o apoio aos árabes, afirmando que o alcance da paz é uma tarefa de todos, não devendo as partes se prenderem ao passado, sopesando, acima de tudo, sua melhor contribuição em prol da paz. Deste modo, tenta dissipar a crença de que Washington havia tomado partido dos israelenses, elogiando os esforços palestinos para melhorar a segurança e exigindo de Israel “gestos positivos” em relação aos palestinos. A questão dos assentamentos/colônias israelenses resta clara e inequívoca, na medida em que o Estado americano ratifica como ilegítimos de pronto.
Em meados de outubro, foi elaborado por uma comissão internacional do Conselho de Direitos Humanos da Onu (CDH), liderada pelo ex-juiz africano Richard Goldstone, um relatório no qual acusa Israel e Hamas do comentimento de crimes de guerra travado em Gaza entre dezembro e janeiro últimos.
O relatório Goldstone analisa os 23 dias da ofensiva israelense que, entre dezembro e janeiro passados, causou a morte de aproximadamente 1.400 palestinos, em sua maioria civis.
Hodiernamente, grande passo foi dado em direção ao reconhecimento da Palestina, sendo solicitado que sejam aprovadas por ambos os países as recomendações recolhidas no relatório, sobretudo reiterando que investiguem a atuação de suas forças durante o conflito, sob ameaça de levar o caso ao Tribunal Penal Internacional.
Todavia, tanto Israel quanto a Palestina rejeitaram o referido relatório. Israel considerou o relatório tendencioso e proibiu os seus oficiais acusados de crimes contra a humanidade de se deslocarem á Europa, de modo a protegê-los contra a eventual detenção e julgamento no tribunal internacional por esses crimes, enquanto os palestinos continuam “na defensiva”.
A população aclama por paz, os militantes terroristas seguem com seus ideais, tanto civis quanto militares morrem quase todos os dias devido às ações dos terroristas ou por falta de condição adequada de vida. E assim segue o conflito, com suas causas e conseqüências sem previsão de acabar. O Estado de Israel fazendo suas declarações e imperando como um dono único, controlador e a Palestina disputando pelo seu “pequeno” espaço tanto territorial como social.

4.1. O Muro da Vergonha – “A máscara do mal”
O governo Sharon utilizou um plano estratégico para usurpar e oprimir ainda mais o povo palestino, que apesar de ter uma população significativamente maior, ocupa apenas migalhas do território. Segundo José Eduardo Barella (2005) os israelenses construíram o muro com o objetivo de bloquear a entrada dos terroristas e de proteger os grupos de colônias judaicas na Cisjordânia. Acrescenta ainda, que o muro sinaliza o território que Sharon pretende manter um eventual acordo de paz com os palestinos.Na realidade o muro foi construído com objetivos políticos e econômicos. E, nesse particular Gershon Knispel (2003) afirma que o muro foi construído enlançando aldeias e cidades palestinas e bloqueando o acesso a cada uma. Também para separar palestinos de outros palestinos de suas aldeias e terras aráveis.
Ao contrario do que pensam alguns, esse muro aumentará ainda mais o ódio e a impossibilidade paz entre os dois povos inimigos.
Dessa forma, enquanto o mundo acredita na versão da proteção contra os terroristas o povo palestino é oprimido e visto com indiferença.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se inferir, portanto, que enquanto Israel não devolver o território e reconhecer a legitimidade do Estado Palestino não haverá paz nem acordos.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Essa citação prevista no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, reflete com clareza o que deve ser entendido por direitos humanos, a constante busca por uma sociedade livre, igualitária, justa e solidária.
No que diz respeito ao conflito na faixa de Gaza, entre palestinos e judeus, observa-se a violação dos direitos humanos. Desde a sua origem tais direitos vêm sendo inobservados.
Os direitos humanos em toda a sua amplitude são esquecidos em desfavor desses povos que sofrem, diariamente, física e psicologicamente. Os traumas são refletidos em doenças oriundas dos transtornos vivenciados, segundo o coordenador da ONG Aldeias Infantis SOS, Ihsan Redwan, "Observamos o aparecimento de manchas brancas no rosto e um evidente impacto psicológico: pesadelos que se repetem, gritos de medo constante, incontinência urinária e outros problemas de saúde, tais como náuseas e vômito, elas estão aterrorizadas e se recusam a comer ou a brincar."
As consequências da guerra são inúmeras, prejudicando a àrea de saúde, educação, lazer, segurança, ferindo de morte os direitos humanos. Em relação à saúde, observa-se que a população tem encontrado dificuldade para encontrar médicos ou suprimentos, uma vez que parte dos hospitais e centros de recuperação na região foram destruídos.
A tragédia vivenciada pelos povos judeu e palestino, com todo o seu drama, resume de forma exemplar o que povos e etnias enfrentam em toda a aldeia global, como compartilhar o mesmo território coabitando com as diferenças socioculturais, de maneira a que todos os seres humanos sejam respeitados e tenham garantidos os seus direitos humanos.
A busca da conquista pelos mais fortes, a intolerância e a tentativa de imposição dos seus dogmas acarreta injustiça, destruição e morte. Esses fatores marcam a história da humanidade. Esse é o sentido da maior parte das lutas, não sendo diferente na área em questão.


REFERÊNCIAS

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LAMAS, Bárbara Gomes. Palestina e Israel: Acordos de Oslo, Camp David II e Mapa da Paz. Disponível em: http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20050802162917.pdf?PHPSESSID=0d8127bc0d7ee7bf90f8750ebb581277. Acesso em: 07 nov. 2009.


UOL. Os passos de obama diante do conflito árabe israelense. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/09/23/ult581u3502.jhtm. Acesso em: 12/11/2009.

SENNA, Lorena Estrela de. Israel e Palestina: aspectos históricos, táticos e a situação da paz. Ilhéus, BA: UESC, 2008, 67f. (Monografia) Graduação – Universidade Estadual de Santa Cruz. Colegiado de Línguas Estrangeiras Aplicadas á Negociações Internacionais.

UOL. Hillary pede cautela a árabes e israelenses em esforço para destravar diálogo. Disponível em: http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2009/11/03/hillary-pede-cautela-a-arabes-e-israelenses-em-esforco-para-destravar-dialogo.jhtm. Acesso em 10/11/2009.

1 comentários:

mariana 30 de julho de 2010 às 11:20  

oi visito o blog de vcs sempre e como aluna de historia sempre faço uso dos artigos expostos, um tempo atrás comentei que vcs precisavam colocar o ponto de vista do Oriente, achei um link na internet acho que pode ser util http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI158852-15228,00-A+VOZ+DAS+MULHERES+AFEGAS.html


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